sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Brisa da serra



Sinto agora a fresca e pura brisa da serra
que me acalma e me afaga as memórias
de contos sobre dores da fome e da guerra,
 o medo a crescer-me em secretas histórias.

À lareira no crepitar do lume aos serões
vi demónios soltos em chamas vibrantes,
vi lobisomens, bruxas, sapos e escarpões
que me invadiam em sonhos delirantes.

À luz do dia era mais feliz a velha aldeia:
o som das vozes gritadas todas as manhãs,
o cantar dos galos, o zumbir da colmeia,
colhendo amoras, figos ou frescas maçãs.

Era a vida  na velha aldeia de carvalhos,
de um povo tisnado e rijo de terras raianas;
brancas casas de  telha vã e frescos soalhos,
fugindo ao sol a castigar terras alentejanas!

Maria Dulce Branquinho

1 comentário:

José Branquinho disse...

UM BELÍSSIMO POEMA, DULCE! COMO EU O COMPREENDO E APRECIO, LOCALIZANDO-O IMEDIATAMENTE, OU NÃO FOSSE ELE INSPIRADO NA TERRA ONDE NASCI E QUE TANTO DIZ À MINHA ALMA. UM BEIJO. PARABÉNS!