Sinto agora a fresca e pura brisa da serra
que me acalma e me afaga as memórias
de contos sobre dores da fome e da guerra,
o medo a crescer-me em secretas histórias.
À lareira no crepitar do lume aos serões
vi demónios soltos em chamas vibrantes,
vi lobisomens, bruxas, sapos e escarpões
que me invadiam em sonhos delirantes.
À luz do dia era mais feliz a velha aldeia:
o som das vozes gritadas todas as manhãs,
o cantar dos galos, o zumbir da colmeia,
colhendo amoras, figos ou frescas maçãs.
Era a vida na velha aldeia de carvalhos,
de um povo tisnado e rijo de terras raianas;
brancas casas de telha vã e frescos soalhos,
fugindo ao sol a castigar terras alentejanas!
Maria Dulce Branquinho
1 comentário:
UM BELÍSSIMO POEMA, DULCE! COMO EU O COMPREENDO E APRECIO, LOCALIZANDO-O IMEDIATAMENTE, OU NÃO FOSSE ELE INSPIRADO NA TERRA ONDE NASCI E QUE TANTO DIZ À MINHA ALMA. UM BEIJO. PARABÉNS!
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