sexta-feira, 26 de abril de 2013

Aquela imagem




Chorei convulsivamente.
Apenas uns segundos daquela imagem,
bastaram.
Era o sofrimento em forma de rosto,
em rugas desfeito.
Os olhos pequeninos, marejados
de tristeza, vermelhos, suplicantes,
famintos.
Numa mão, quase caídao, um prato branco,
de um  qualquer velho vaso.
Na outra a bengala, mal suportava o peso da idade
provecta em sonhos desfeita, do corpo curvado.
Estava ali, a imagem da miséria, da tristeza de se ser velho,
num país de insensível "gente".
Nem alma têm! Nem olhos.
Do coração, apenas dizer que os mantém vivos,
mas que não sente.
Um dia, quem sabe, esta gente agora sábia,
venha realmente a saber, sentindo, finalmente,
o gosto amargo
e triste
de ser velho e pobre, navegando à bolina.

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