sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Morreu uma Flor


Mais um nó na minha garganta!

Era uma jovem que a vida não quis.
Foi um pouco do futuro que se tornou passado.
Para todos os que a amam, fica a memória, a saudade, a tristeza.
Que vida é esta que dá e depois tira?
Que Deus é este que tira desta vida jovens flores?
Pouco mais era que um botão florindo e já secou!
Abraçada fortemente pela morte, não resiste.
Choram os que ficam, o céu abate-se sobre as suas vidas
e o chão foge-lhes.
Estão como que pairando sobre um mar revolto,
sem terra à vista. Como que num túnel sem luz ao fundo,
agarram-se uns aos outros e caminham devagar,
não sabem para onde.
Essa luz aparecerá, um dia:
Primeiro muito ténue e, pouco a pouco
revelar-se-á a saída.
Até lá cairão muitas vezes, ajudar-se-ão outras tantas.
Alguns hão-de querer voltar para trás, mas
a Vida empurrá-los-á para diante, enquanto ela,
a flor em botão,
permanecerá, para sempre,
longe desta vida!

Dedico estas palavras à Filipa Catarino que tão cedo deixou esta vida e a todos os que a amam e choram pela sua partida.

sábado, 13 de agosto de 2011

Memória viva



As tuas hábeis mãos, maravilhas!
Contra ventos e marés, tanta lida.
Nunca te esquecerão tuas filhas,
serás sempre parte da nossa vida.

Parecendo que um dia ainda voltarás.
vejo na memória sempre tua imagem.
Essa alegria jamais, mãe, nos darás;
Sem volta partiste em triste viagem.

Restam agora memórias suaves,
dos momentos da vida mais duros,
uns comuns, outros reais milagres
gerados nos sentimentos mais puros.

Gostava de poder oferecer-te uma flor
mas não sei como, apenas fica o desejo,
mostar que continua por ti o mesmo amor,
saudades porque há tanto que te não vejo!


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Verão na Planície


É Verão!
Na planície alentejana
o sol ondula por sobre
as searas douradas.
Som, apenas o do silêncio
entrecortado pelas cigarras,
incansáveis na procura de uma brisa.
Água apenas na forma de seiva que,
teimosamente alimenta o pão, o ouro
e a cortiça.
É lindo o alentejo, até no Verão!
É puro, limpo, natural o seu pulsar
letárgico, quase morto.
Há nele, porém tanta vida,
tão intensa,
quanto discreta.
No horizonte há silhuetas de aves,
mães estremosas, cuidando do seu lar.
Há recortes de árvores retorcidas pelo sol,
desesperadas por manter a vida, olhando o céu
na esperança de uma nuvem!
Há um aroma forte a ervas, tojo,
carqueja, alecrim e rosmaninho que,
desinteressadamente,
dão cores à planicie, paleta única e
incomparável!