quinta-feira, 30 de junho de 2011

Vida de lida


Que lida esta vida,
tão sofrida!
Vida nem sempre vivida,
 mas nunca perdida,
num corre corre mecânico,
em velocidade furiosa.
Que louco este mundo,
tão ferido!
Tantas lágrimas choradas,
tantas canseiras passadas!
Tanta lida, tanta luta,
chorando, rindo,
Enfim, vivendo.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A morte em estado quase vivo

Era a figura da morte que ali estava à minha frente.
Era a degradação do ser humano.
Era o corpo feito trapo, era o olhar suplicante, que sei eu,
talvez contrariado, quem sabe, talvez não.
Era um corpo cambaleante, escanzelado, desideratado, o cabelo em desalinho.
Era o cheiro nauseabundo do vegetar e um corpo sem acção,
 quase a morrer, numa cama, no escuro do silêncio, na solidão, no limiar.
Sabe-se lá, ao certo a dor, a profunda desesperança que roeu,
trocidou este ser, até ali.
Que força foi aquela que cresceu momentaneamente,
naquele corpo e o pôs de pé, a tocar o mundo, a vida?
Talvez o desejo de quase morrer, de se sentir no limiar, na passagem, de sentir a saída
do mundo real, cruel e contrariador de todos os sonhos...mas não morrer de todo
Havia, ainda um fio ténue, muito fino, que a prendia à vida, uma força, uma vontade
arrependida?
De repente, a vida era ainda possível. Eram as nossas vozes a impedi-la de partir,
a puxá-la, a fazê-la existir.
Foi o estarmos lá,o desepero nas nossas vozes, os nossos corações pulsando desordenamente,
o terror quase insuportável que nos sufocava, que lhe deram alento, a esperança de ainda sobreviver?
Só ela o sabe.

domingo, 26 de junho de 2011

Ser Mãe


Na hora de ser mãe,
chorei uma alegria tão grande,
que mais parecia
um milagre feito!
Olhei o fruto que,  há muito
já amava
e preencheu-se-me a alma.
Hoje, cada dia mais,
vendo-o crescer,
fazer-se homem,
sinto,
a satisfação
do dever cumprido.
É por ele que luto,
é por ele que,
para mim ainda há-de vir,
sempre mais um dia,
com ou sem sol,
tanto faz.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Saudades da minha Mãe

Em toda a nossa vida a morte é coisa certa,
Como incertas são todas as nossas horas.
Ó dor, que em mim  presente ainda moras,
não sares, ferida, para sempre em mim aberta!

Apagar esta dor,minha  mãe, não, não quero,
que a dor que sinto traz-me a  tua lembrança.
Pela tua ausência sinto em mim vazia a esperança.
És imagem que sempre amarei e ainda venero!

Sabes Mãe, tenho tantas, tantas saudades tuas!
Quando  em sonhos te vejo fico tão contente!
Sorrio, mato saudades, conto-os a toda a gente,
os  instantes de breve ilusão que vivemos as duas.

Sinto a falta da  voz determinada e conselheira,
porto de abrigo de todas as nossas vicissitudes.
Sensata, firme e sábia em cada das tuas atitudes,
queria ter-te por mim, sempre perto companheira!

sábado, 18 de junho de 2011

Curta biografia de José Saramago- 1º e único Prémio Nobel da Literartura de Portugal


Foi galardoado com o Nobel da Literatura de 1998. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.
O seu livro Ensaio Sobre a Cegueira foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles (realizador de O Fiel Jardineiro e Cidade de Deus). Em 2010 o realizador portuguêsAntónio Ferreira adapta um conto retirado do livro Objecto Quase, conto esse que viria dar nome ao filme Embargo, uma produção portuguesa em co-produção com o Brasil e Espanha.
Nasceu no distrito de Santarém, na província geográfica do Ribatejo, no dia 16 de Novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, foi membro do Partido Comunista Português e foi director-adjunto do Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco RebelloArmindo MagalhãesManuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Casado, em segundas núpcias, com a espanhola Pilar del Río, Saramago viveu na ilha espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias.
in Wikipedia

Saramago volta a Lisboa um ano depois de se despedir da vida

As cinzas do Nobel da Literatura foram hoje depositadas junto à Casa dos Bicos, no Campo das Cebolas, 
em Lisboa, onde irá funcionar a Fundação Saramago. Na imagem o Presidente da Câmara de Lisboa, António Costa e a ainda ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Dos sentimentos às ideias


Sento-me para escrever.
Olho para o branco do papel
E as ideias  sem eu  querer,
Surgem num verdadeiro tropel.

É tão grande o meu sentir,
É tanto o meu calar
Que sinto na alma ferir
O que a razão não pode sarar.

  Vejo gente na vida a morrer
 sem a ter de facto vivido
     Vejo nos olhos brilhando correr
     lágrimas do muito sofrido.

  Vivam a vida sem amarras
 livres de todas as prisões!
      Vivam bem soltos das garras 
       dos que teimam em dar-nos lições!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

123º aniversário do nascimento de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa- Retrato de Almada Negreiros

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.
É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".
Por ter crescido na África do Sul, para onde foi aos seis anos em virtude do casamento de sua mãe, Pessoa aprendeu a língua inglesa. Das quatro obras que publicou em vida, três são na língua inglesa. Fernando Pessoa dedicou-se também a traduções desse idioma.
Ao longo da vida trabalhou em várias firmas como correspondente comercial. Foi também empresário, editor, crítico literário, ativista político, tradutor, jornalista, inventor, publicitário e publicista, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. Centro irradiador da heteronímia, auto-denominou-se um "drama em gente".
Fernando Pessoa morreu de cirrose hepática aos 47 anos, na cidade onde nasceu. Sua última frase foi escrita em Inglês: "I know not what tomorrow will bring… " ("Não sei o que o amanhã trará").
in Wikipedia


Heterónimos:
  • Álvaro de Campos
  • Ricardo Reis
  • Alberto Caeiro
  • Bernardo Soares ( semi-heterónimo)


domingo, 12 de junho de 2011

Quadras a Santo António



Santo  António de Portugal
Das solteiras o mais querido
 Como ele não há santo igual
  Pra pedirem um bom marido!

Com mil  arquinhos e balões
Se fazem as festas dos santos
Mais fogueiras risos, cantares
Dão às noites outros encantos!

Ó meu rico santo Antoninho
Nas noites de Junho ao luar
Cheira a sardinha, pão e vinho
Está na hora de irmos folgar!



sexta-feira, 10 de junho de 2011

Malhas da vida


Nas malhas que a vida tece
mantas  de  todas  as cores,
Vemos  o mundo  e apetece
Pintá-lo de  todas  as cores!

No desespero e  na  prece,
refúgio  de todas  as dores,
Nenhum  ser vivo arrefece
Morre-se vivem-se horrores.

Vamos destrancar  corações
Cuidar e Amar este mundo 
Espalhar doces compreenções,
 Dedicar-lhe amor bem profundo

domingo, 5 de junho de 2011

Reflexões



Da obrigação, da responsabilidade ao
prazer da descontração, apenas o
breve tempo de um gesto, momento de
decisão, sempre tão desejado e
quantas vezes Impossível!



Se em nós existe
a vontade de justiça,
porquê então, não conseguimos
a proeza,a humildade de
a fazer, de a receber,
enfim, de com ela viver?


sábado, 4 de junho de 2011

Sentidos


Da fonte dos sentidos
para um espelho de papel,
derramei meus proibídos
numa torre de Babel.

Separados numa lógica
unidos pele fonte,
tocam-nos qual mágoa,
ligam-nos como ponte.

Prodígio da Natureza,
mãe de todas as artes
Do sentir nasce a beleza
de o dizer de todas as sortes